"Se a música é o alimento do amor não parem de tocar. Dêem-me música em excesso; tanta que, depois de saciar, mate de náusea o apetite."
William Shakespeare

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Os Brasileiros Que Não Vimos... Hoje: Tania Maria

Salve salve! Finalmente o novo quadro está aparecendo por aqui. Falar de músicos brasileiros é uma tarefa que apresenta certa dualidade, pelo fato de nossa cultura musical e artística ser tão variada e rica, não fica dificil encontrar nomes dos quais falar. No entanto o segundo fator dessa dicotomia não é tão simples assim. Escolher um nome para falar requer muita precisão pois a variedade musical torna a escolha bem difícil. Mas como a ideia é falar de músicos brasileiros não muito conhecidos pela grande maioria das pessoas daqui, pensei em alguns ícones e escolhi um deles pra começar bem, muito bem: Tania Maria.

De pai metalúrgico, Tania Maria Correia nasceu no nordeste do país, em São Luís, Maranhão. Cantora, pianista, compositora, iniciou na música ainda criança começando seus estudos de piano aos 7 anos. Seu  pai era  músico, guitarrista, e foi a principal influência para que a pequena Tania iniciasse seus estudos. Na adolescência já tocava com sua propria banda em festas, clubes e nas rádios locais. Tania desenvolveu seu sons, paltados em estilos como jazz, samba, funky e bossa. A mistura personalisada de tais gêneros rendeu uma boa estréia com álbum Apresentamos lançado no Brasil em 1969. Não foi diferente com o seu segundo álbum, Olha Quem Chega lançado no Brasil em 1971, que é por sinal infinitamente mais bem produzido que o álbum de estreia, e foi esse o responsável por levar a carreira de Tania a patamares internacionais. Após um concerto na Australia o guitarrista Charlie Byrd ficou admirado pela música da cantora, e o encontro entre eles rendeu em um contrato com o selo americano Concord Records.

         Capa do álbum de estréia de Tania Maria lançado pelo selo brasilerio Continental em 1969

Capa do segundo ábum lançado em 1971 pelo gravadora subsidiada da EMI, Odeon


Muito conhecida tanto no EUA, quanto na Europa, Tania Maria gravou 25 álbuns (incluindo reedições) dentre eles os magníficos Piquant e Love Explosion (meus preferidos). Participou de grandes festivais de Jazz pelo mundo, entre eles, o aclamado Montreux Jazz Festival, ganhou indicações ao Grammy, e conquistou seu lugar ao sol na ingrata indústria da música, e o mais incrível de tudo: Não é conhecida como merece dentro de sua própria terra mãe.

 Curiosa capa da edição japonesa em vinil do álbum Piquant, lançado e distribuido pela etiqueta Concórdia em 1980

Love Explosion, álbum lançado em 1983 também pela etiqueta Concórdia

 É evidente que não dá pra conhecer todos os grandes artistas de um país tão grande e diversificado quanto o nossso, mas somos sempre tendenciosos a escutar música gringa, que acaba nos distanciando dos gênios nascidos aqui, nessa fábrica de talentos chamada Brasil. Por mais que não seja apresentada para as grandes massas com frequência, existe sim música brasileira de qualidade, muitas vezes, de qualidade até superior a o que temos por música internacional "boa". Um espírito curioso e uma pitada de bom gosto é o bastante para encontrar estes tesouros perdidos dentro de seu próprio baú, basta querer saber onde encontra-los.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Falando de Rock... Hoje: Deep Purple "MK III"

Falar do Deep Purple é como falar de 6 ou 7 bandas diferentes ao mesmo tempo, devido as constantes mudanças de formação e pelo período, nada pequeno, que a banda passou inativa. Devido a isso vou plantar a estaca nas duas fases da banda, que para mim, tiveram mais relevância em grau de inovações em relação ao que já era feito naquela época, época boa por sinal. À fase clássica da banda, aquela fase do single Smoke on the Water parece clichê e peculiar, na verdade é mesmo, mas ainda tem dada importância pois a maioria dos "fãs" ficam contentes em conhecer apenas este single ou apenas esta fase. Falando um pouco da bem conhecida fase II, a mais bem sucedida comercialmente, com Ian Gillan nos vocais, John Lord nas teclas, Richie Blackmore na guitarra... o Deep Purple mostrou-se original frente ao contexto atual, pois incorporava elementos de música erudita (principalmente pela formação clássica de John Lord) e blues rock ( o que era inevitável) ao seu som. Tal formação começou quando o chatíssimo Blackmore ficou insatisfeito com a sonoridade da banda, e teve a grande ideia de deixar o som mais elétrico o que traria certa novidade frente ao cenário atual de inovações. Ao tentar implementar uma cara nova a banda Blackmore e John Lord perceberam que o primeiro vocalista Rod Evans não acompanharia as mudanças, principalmente pelas raízes muito fixas ao blues.

Tal evento serviu como porta de entrada para o jovem Ian Gillan que era naquele momento a engrenagem que daria movimentação a maquina chamada Deep Purple! O som da banda se tornou envolvente e explosivo o que ficou muito claro no álbum In Rock, o primeiro dessa formação, que gerou boas críticas e arrecadou a primeira leva de fãs, o single Black Night, foi parar no segundo lugar das paradas britânicas, ficando por lá algumas semanas. O lançamento do segundo disco gerava boas expectativas na crítica especializada, expectativas que foram bem atendidas. O álbum veio com uma face mais experimental que o anterior, com grandes passagens puramente instrumentais, o que fez dele um álbum superior ao anterior. O ápice do sucesso dos britânicos do Deep Purple aconteceu com o lançamento do single inspirado por um incêndio de um cassino em Las Vegas, durante a preparação de um show de nada mais nada menos do que Frank Zappa, a música se chamou Smoke on the Water e foi lançada no álbum Machine Head, que por muitos é considerado o melhor álbum da banda. Até hoje nas performances ao vivo da atual formação, são tocadas ao menos 4 músicas da 7 contidas no álbum. 

O sucesso trouxe o estrelato, records e principalmente intrigas entre os membros da banda, principalmente entre Gillan e Blackmore, o que fez com que Gillan saísse em 1973. Tal fato foi doloroso para os fãs da época, doloroso porque nenhum deles sabia o que estava por vir. Pouco tempo após a saída de Gillan, Glen Hughes foi acoplado a banda, pois além de ser muito talentoso, resolvia dois problemas a saída do renomado vocalista e a saída do baixista Roger Glover. O problema estava resolvido, no entanto Richie Blackmore acariciava a ideia de colocar um outro vocalista paralelo a Hughes, ideia que resultou na contratação de David Coverdale. Estava montada o que pra mim foi e sempre será a melhor e mais completa formação do Deep Purple! O álbum Burn, tinha a base montada sobre a melhor de todas as sonoridades que já haviam sido exploradas nos álbuns anteriores, só que com as características vocais e arranjos instrumentais muito mais complexos. O entrosamento entre os Hughes e Coverdale era absolutamente incrível, inclusive ao vivo, e os revezamentos vocais entre os dois se tornaram marca registrada juntamente com a presença das teclas de Lord que se tornou absoluta, mas o melhor estava por vir, o álbum Strombringer foi o auge! 

O Deep Purple mergulhou de cabeça na influência do Soul (funky) apenas sugerida em Burn, o que trouxe ao álbum uma característica impar. Após a turnê de promoção do álbum o chatíssimo Blackmore ficou insatisfeito com o resultado dos dois últimos álbuns e decidiu sair da banda usando o seguinte argumento: "O Deep Purple é uma banda de rock, e não uma banda de soul.", argumento infantil. Será que tal fato pode ser explicado das teclas de Lord e os vocais de Hughes/Coverdale terem ofuscado o brilho do "líder"? De fato tal pergunta soa bem pertinente. Mais ainda bem que Blackmore saiu, pois sem isso, nós nunca teríamos conhecido a sua banda genial que tinha Ronnie James Dio nos vocais, a não tão popular Rainbow (muito boa banda por sinal, vou falar sobre ela no blog algum dia). Fato é que mesmo nesse pequeno fragmento da história do Deep Purple, pode-se perceber com clareza o papel desta banda para o heavy metal, hard rock e outras vertentes. Juntamente com o Black Sabbath e Led Zeppelin. o Deep Purple faz parte da "sopa primitiva" do rock pesado, escutar sua discografia é entender parte do caminho no qual o rock andou.